O novo empreendedor do século 21 aproxima cada vez mais os projetos de negócios ou projetos sociais de um futuro antes distante. Os movimentos hacker e maker têm despertado uma legião de jovens curiosos para experimentar tecnologias emergentes como robótica e biotecnologia, cujo progresso científico tem sido exponencial. Essas tecnologias se valem do design estratégico para projetar soluções, a partir das necessidades das pessoas, do contexto e do planeta, gerando negócios escaláveis e digitais.

Ao conectar tendências e especular futuros criam-se territórios e os projetos que deles decorrem. Este exercício provocativo permite às organizações explorar espaços de oportunidade, fazer suas apostas sobre o futuro e trazê-las ao presente por meio de experimentos que promovam aceleração de ideias.

Para criar ou mesmo assimilar essas visões de mundo que são diferentes daquelas as quais estamos acostumados, precisamos expandir ou modificar nossa forma de aprender, conhecer, pensar, perceber, imaginar e julgar. E é para essa abordagem que o design vem à tona. Ao longo da leitura deste artigo, você entenderá mais sobre este processo!

Quais as possibilidades do futuro?

Para trabalhar com o futuro é preciso que antes se entenda as diversas possibilidades que derivam dele.

A primeira perspectiva é a de que o futuro já está aí. Ele se manifesta pela multiplicação de fatos e evidências. Cabe ao designer de negócio ou designer social participar desse futuro encontrando o seu espaço, sabendo que esse espaço já está sendo ocupado por outros que também já vivem esse futuro.

É nele que a maioria dos projetos se concentra, pois atende às demandas de curto prazo com soluções conhecidas, uma vez que incrementa o que existia no passado promovendo uma melhor experiência de valor para todos.

A segunda hipótese é o futuro emergente que surge por meio de invenções, protótipos e experimentos. Neste caso cabe ao designer explorar espaços de oportunidade partindo de novos comportamentos do consumidor, de tecnologias emergentes, de movimentos sociais ou de modelos alternativos de negócio que podem mudar as regras do jogo, mas que devem antes de tudo serem prototipados.

Trata-se de um futuro incerto, e os stakeholders podem resistir à mudança prolongando o time to market ou levando à anulação do projeto. Com ele é possível estar adiante do anterior, explorando um tempo que ainda está por vir, mas que já mostra sinais (ainda que fracos) de alteração da realidade.

E existe o futuro desejável. Neste campo, o projeto se aproxima da ficção e os conceitos que surgem serão amplamente debatidos pela sociedade antes de se tornarem algo aceito por todos. Nele se busca ir mais adiante, no depois do amanhã.

Muitas organizações se viram forçadas a criar áreas de after next e foresight para lidar com realidades imaginárias 20 ou 30 anos adiante, visando o potencial disruptivo de criar novos modelos (rompendo com os existentes) e gerar impacto irreversível na sociedade.

Expectativas para o design estratégico

Há diferentes diretrizes que podem nortear o foco do design. No entanto, assim como toda empresa de sucesso, é somente ao entregar valor real às pessoas que ele se torna efetivo e relevante.

Tal demanda faz do design estratégico um exercício constante de empatia, a fim de permitir a compreensão das necessidades e expectativas não atendidas. Ele é centrado no humano, ou seja, começa pelas pessoas, prototipa, testa soluções e melhora a realidade do mundo.

Com isso tem a pretensão de resolver grandes questões da sociedade e do planeta, como transformar a realidade da educação, da segurança, das fontes energéticas – nos casos de projetos focados em contextos sociais.

Há ainda o design especulativo ou design fiction que utiliza métodos e processos narrativos e ficcionais para levantar questões, visualizar e explicar realidades utópicas ou distópicas, levando-as à ressignificação ou à criação de rituais, de mitos e de símbolos da sociedade.

Trilha do Movimento: o processo na prática

A partir do atendimento à empresas como Coca-Cola Brasil, Sebrae, Marcopolo, TelefonicaVivo e Nutresa (Colômbia), nós da Symnetics, sugerimos a Trilha do Movimento, o processo de design estratégico que criamos. Nele existem três estágios de aplicação: conceito, props e empreendimento.

A aplicação do método deve envolver lideranças, stakeholders, especialistas e parceiros num diálogo cocriativo e construtivo. Nas organizações, as áreas de planejamento estratégico, inovação, P&D, design, novos negócios, marketing e mesmo recursos humanos têm impulsionado este movimento como forma de aproximar o presente do futuro.

Para entender melhor a progressão da implementação do processo, analise o infográfico e o detalhamento das etapas:

design estratégico

Conceito

O primeiro estágio antecipa tendências criando ou se apropriando de conceitos emergentes. O objetivo é comunicar, sensibilizar, mobilizar e influenciar stakeholders e especialistas. Espera-se assim provar o conceito e a visão de futuro idealizada.

Props

Props são experimentos que servem de balizadores para o teste de hipóteses. A diferença entre props e protótipos é que muitos deles não são funcionais. Servem para testar, validar e comprovar conceitos com a sociedade e nos levar a pensar sobre como queremos viver no futuro.

Empreendimento

No terceiro estágio aparecem startups. Os projetos atingem os primeiros clientes e ganha escala. O estágio de empreendimento aprova o projeto.

Pontos de atenção na aplicação

O grande desafio para quem empreende é acelerar o grau de aceitação do novo pela sociedade — uma questão de adesão — e fazer com que o novo seja entregue conforme prometido — uma questão de capacidade e infraestrutura disponível.

Para facilitar e otimizar os resultados da Trilha do Movimento, há algumas ações que geram sinergia e fomentam a criatividade durante as etapas. São elas:

  • Formular perguntas;
  • Identificar tendências;
  • Criar visões de futuro;
  • Projetar conceitos;
  • Experimentar modelos.

Então, formule perguntas a partir de indagações, inquietações e especulações originadas por um ou mais stakeholders e relacionadas com o que poderá fazer a diferença no futuro, como surpresas, apostas contraindutivas, curiosidades, restrições, oportunidades, ameaças, crenças ou peças faltantes.

A segunda ação visa a busca proativa por tendências e sinais evidentes ou, ainda, a utilização de pesquisas secundárias, aplicando big data e dialogando com especialistas, autoridades sociais e stakeholders para obter uma visão holística e integrada sobre o hoje, o amanhã e o depois de amanhã. Os sinais mapeados podem ser produções acadêmicas, testes de conceitos, protótipos ou produtos (ou serviços) já disponíveis para uso.

A combinação de tendências e sinais em maior ou menor intensidade no contexto, somada a um repensar e requestionamento de ritos, símbolos e rituais da sociedade, produz sinopses, narrativas e conceitos de futuros que permitem pensar sobre alternativas de novos cenários.

Por meio dessas conexões é possível descrever um futuro próximo (prospectivo) ou distante (especulativo), a partir do qual promovemos diálogos para analisar impactos e implicações deste futuro sobre os stakeholders.

Já a criação de conceitos prevê a existência de territórios (espaços de oportunidade ou linhas estratégicas de atuação das organizações baseadas nas visões de futuro), a partir dos quais se criam conceitos — ideias de produtos, serviços, tecnologias, canais, ambientes, plataformas, modelos de negócio/atuação ou programas/projetos a serem explorados.

E, por fim, investir no movimento empreendedor de incubação e aceleração do projeto e adesão dos primeiros clientes para explorar os modelos criados.

design estratégico

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