Mundo VUCA: O Que É e Como Se Preparar e Ter Sucesso Nessa Era

O mercado se tornou uma soma de características desafiadoras que forçam os líderes a serem mais multidisciplinares, estratégicos e resilientes do que nunca.

Reflexo do ambiente contemporâneo, o termo VUCA é a junção das iniciais das palavras volatility, uncertainty, complexity e ambiguity que, em português, significam volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

As características citadas foram unidas, primeiramente, em ambiente militar pela Escola de Guerra do Exército Americano (United States War College) no final dos anos 90 a fim de preparar melhor os soldados a partir de um conceito que retratasse as tendências do novo século.

Eles não poderiam estar mais certos.

Tanto é que a visão de mundo VUCA foi incorporada pelo mercado a partir da crise financeira de 2008, pois expressa a realidade presente nos mais distintos âmbitos da vida moderna, chegando, inclusive, aos negócios.

Os líderes atuais sentem na pele o que é estar sob a pressão deste novo contexto que é, por característica, sem padrão.

Neste artigo serão abordados mais detalhes sobre essa era, bem como as competências necessárias para conseguir superar os desafios que ela acarreta.

Características VUCA

Entender como se concretizam cada um dos fatores que compõem as novas regras do jogo mercadológico é o primeiro passo para administrar as situações as quais os líderes são submetidos diariamente.

Volatilidade

As mudanças sempre existiram, o que as faz diferentes neste novo paradigma é o fato de serem voláteis.

Ou seja, são mais dinâmicas, seja em rapidez, tipos, escala e/ou simultaneidade com que acometem as empresas, exigindo delas ações ágeis, seja para a contenção de impacto ou aposta nas oportunidades.

Incerteza

Consequência do ambiente volátil, a incerteza cerca o mundo corporativo, pois, não há como prever o futuro com exatidão.

Isto coloca em dúvida a efetividade das ações em prática, uma vez que acontecimentos inesperados podem surpreender as empresas, mudando as circunstâncias e as variantes anteriormente consideradas, bem como as respostas antigas para problemas, até então, desconhecidos, nem sempre terem o efeito esperado.

Complexidade

E então o mundo VUCA torna o cotidiano ainda mais complexo, dado os diferentes acontecimentos não lineares que dificultam a interpretação do líder, dando a sensação de caos.

Neste contexto turvo permanece a responsabilidade do gestor estratégico que precisa entender a conexão entre os fatores em jogo, bem como as causas e os efeitos deles para criar possibilidades e tomar as decisões mais assertivas.

Ambiguidade

A interpretação das situações se tornou múltipla.

A visão maniqueísta de que há somente duas possibilidades e que apenas uma delas é a resposta para os problemas que surgem é irrelevante.

Inúmeras perspectivas sobre o desencadeamento de ameaças e/ou oportunidades dos acontecimentos coexistem dentro das análises e reuniões, aumentando a relevância e a necessidade da gestão de riscos.

Desafios do mundo VUCA

Ao se deparar com a realidade acima ou, ao ler o artigo, e se dar conta dela, vários sentimentos podem surgir.

Contudo, desespero e gestão não combinam, bem como descartar antigos conhecimentos e ferramentas não resolve.

O mundo VUCA é consequência de uma sociedade cheia de possibilidades devido a tecnologia e a globalização que alteram diariamente as relações e as experiências humanas, trazendo novas soluções para problemas antigos que, muitas vezes, já tinham produto ou serviço que resolvessem, mas que foram superados.

Assim, o que é necessário aos profissionais – com destaque para o líder inserido nesta nova lógica –  é fortalecer competências e traçar intenções claras para as empresas, tornando a adaptação, entre outras qualidades, valor determinante da cultura organizacional.

Desenvolver gestão e planejamento estratégico, a fim de atender às demandas emergentes é processo irreversível para quem deseja ter sucesso e enfrentar os desafios deste novo cenário.

Competências para a nova era

Para responder ao imprevisível mundo VUCA é preciso ter uma soma de habilidades que caracterizam a gestão eficaz, isso porque a presença do gestor é indispensável para orientar e desenvolver, junto aos profissionais que lidera, as melhores respostas aos desafios.

Resiliência

Ainda que impactos sejam sentidos e alterações no planejamento aconteçam, a resiliência — capacidade de superação — é o norte em meio à volatilidade.

Para conseguir colocá-la em prática é preciso que os acontecimentos sejam traduzidos em informações.

Entender essa diferença é crucial, pois o que determinada situação significa para o meu mercado e para a estratégia da empresa?

As decisões tomadas neste estágio precisam manter as intenções da organização (valores e visão), sendo fortalecidas por comunicação efetiva.

Assim os profissionais liderados conseguem manter o foco no propósito e entendem e aderem ao processo de mudança, mantendo o engajamento e a produtividade.

Adaptação

O mundo VUCA não dá espaço para verdades absolutas ou processos engessados.

A zona de conforto não existe.

Ser mutável é prerrogativa que precisa estar alicerçada pela agilidade dos processos.

Ações e métodos que deram certo no passado ou no presente não são garantia de acerto futuro.

É preciso aprimorá-los constantemente e estar aberto para cogitar novas maneiras de se solucionar os desafios que surgirem.

Perspectivas

Diferentes interpretações dão amplitude ao contexto.

Isso é positivo, pois, diminui os riscos, uma vez que aumenta a quantidade de informações sobre determinada situação ao considerar variadas possibilidades.

Através de cenários e áreas de conhecimento distintas é possível levantar alternativas e dados que, em atuação setorizada ou individualizada, não seria possível.

Iniciativa

Surpreender ao invés de ser surpreendido significa preparar e desenvolver apostas ao buscar constantemente informações de mercado que antecipem tendências e megatendências e, ainda assim, não ter garantias.

Todas as habilidades anteriores somadas à pró-atividade podem gerar resultados a serem celebrados ou ricos aprendizados para a carreira.

O ambiente VUCA exige coragem de líderes que, mesmo em meio a pressão de circunstâncias desfavoráveis, encontram brechas de oportunidades.

Ao conseguir praticar as qualidades acima na rotina profissional é possível ascender na carreira, atingindo objetivos de gestão, uma vez que atende ao perfil necessário para trabalhar a liderança criativa.

Cultura organizacional

Estar preparado para tudo é tão amplo que pode desnortear qualquer profissional.

Para não correr o risco de ficar sem foco, as empresas precisam desenvolver culturas empresariais que façam sentido no novo cenário mercadológico, auxiliando os membros da equipe a criarem alternativas e opções rentáveis.

Assim, cabe a alta gestão das companhias desenvolver mecanismos e aplicar recursos que instaurem mindset e processos que fomentem e valorizem as competências citadas anteriormente.

Estratégia de inovação

Ter alternativas e criar o futuro.

A estratégia de inovação traz opções para a empresa, no formato de incrementos e no de disrupções que tentam se ajustar de acordo com a expectativa atual e também com os perfis de consumo futuro, auxiliando na manutenção da relevância e na rentabilidade das corporações.

Alocar investimentos estruturados em pesquisa e desenvolvimento, bem como criar ações internas ou externas que atraiam e reconheçam ideias e talentos capazes de contribuir com o futuro da empresa é postura indispensável para enfrentar a dura competição do ambiente VUCA.

São muitas as iniciativas possíveis dentro desta abordagem estratégica que possibilita, até mesmo, tornar ameaças iminentes como startups promissoras, em aliadas do processo de renovação da empresa.

A curto, a médio ou a longo prazo, adotar a estratégia de inovação é diretriz consistente rumo a resultados positivos. No entanto a postura da empresa precisa acompanhar a realidade do processo a partir da tolerância ao erro e o reconhecimento de iniciativas.

Modelo de gestão

O maior ativo do século — tempo — não pode ser desperdiçado com improdutividade.

Assim, eliminar o excesso de burocracia nas relações entre os setores e profissionais da empresa, a fim de diminuir o tempo de resposta e ação entre os procedimentos, é vital.

Para tanto, a execução estratégica precisa ser tão dinâmica quanto o próprio mercado no qual atua, de maneira a facilitar a comunicação de novas orientações e também no entendimento por parte dos colaboradores e no acompanhamento do todo por parte das lideranças.

Alternativas como a metodologia balanced scorecard (BSC) trazem a rapidez, simplicidade e efetividade características das empresas bem sucedidas desta nova era.

No entanto, assim como a estratégia da inovação, o novo modelo de gestão também precisa do compromisso da alta gestão — em investimento e ações — que fortalecem a transição de maneira a consolidar o novo formato de trabalho.

Capacitação de profissionais

Nenhum esforço trará retorno se os profissionais não conseguirem responder assertivamente aos estímulos e missões delegadas.

Para ter pessoas com desempenho em nível de excelência é crucial desenvolver a equipe constantemente.

A troca de experiências e as vivências compartilhadas em forma de mentoria, em que se estabelece relação de confiança e construção colaborativa de soluções é a maneira mais efetiva de aprendizado.

Identificar os pontos falhos da execução estratégica e investir nas pessoas comprometidas do time pode ser ação determinante para a melhora de cenário.

Há plataformas de inovação que contam com profissionais renomados do mercado.

Na didática, além de ensinar conceitos e metodologias, tais instituições também investem em novas iniciativas — como a mentoria — abrindo um espaço importante para que o profissional em desenvolvimento otimize o aprendizado, evitando erros e ampliando a perspectiva, sob tutoria.

As empresas, na eterna busca de sucessão de lideranças pode fazer desta também uma nova política da empresa, em que talentos são identificados e passam a ter a atenção dos gestores em atuação como meio de aprimoramento das competências deles.

Abertura ao aprendizado

Empresas prontas para enfrentar a realidade VUCA seguem a máxima de que não têm as respostas para todos os desafios, mas está aberta a aprender.

Investir em consultorias nas áreas em que identifica os maiores gargalos internos é benéfico pois é uma ação imediata, uma vez que traz para a o interior do problema um profissional de amplo conhecimento, vivência e capacidade técnica.

A contribuição profissional pode ser em diferentes áreas da execução, sendo na gestão de riscos, na gestão estratégica ou, até mesmo, em processos.

Estar aberto a dar respostas diferentes para os desafios é uma das principais iniciativas que as corporações precisam na nova era.

É preciso reagir às pressões a partir de ações sólidas que fortaleçam o papel e o posicionamento da companhia no mercado.

Melhoria nos processos

O mundo está online e os processos também devem estar. As empresas precisam se digitalizar.

Plataformas de intranet e mecanismos de acompanhamento das métricas e desempenho precisam ser aliados reais do cotidiano dos funcionários.

Infelizmente esta não é a realidade das empresas que, principalmente nos níveis mais básicos de hierarquia, contam com ferramentas obsoletas que não atendem minimamente a realidade das atividades diárias.

As dificuldades são várias.

O acesso às plataformas costumam ser restrito apenas a computadores. Ao não serem responsivos (ou pela companhia não investir em equipamentos úteis), os colaboradores ficam sem o auxílio de dispositivos móveis que facilitariam a coleta de dados.

Os softwares são obsoletos, com desempenho que não atende — em velocidade, navegabilidade e abrangência — a realidade das operações, tornando falha a inserção de informações, além de desmotivar as atuações profissionais, pois não oferece o mínimo em infraestrutura.

O mundo VUCA precisa de lideranças ativas.

A gestão dessa era precisa ter o apoio de toda a companhia e conseguir articular apoio para efetivar as decisões necessárias para a perenidade dos negócios.

FW Symnetics

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